Brasil Em Discussão Uso da água para que não falte em período de estiagem
Especialistas em recursos hídricos defenderam, na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, que o melhor caminho para enfrentar a falta de água com a escassez de chuvas é seguir com a lei que criou a Política Nacional de Recursos Hídricos.
A Medida Provisória editada pelo governo, que era composta por seis ministérios, perdeu a validade no Congresso Nacional por não ter sido votada no prazo. Para o professor doutor em recursos hídricos, Carlos Eduardo Tucci, o que falta é fazer um planejamento diante da falta de água, já que esta situação é recorrente e que o país não passe por tantas dificuldades. “Atualizar essa política de recursos hídricos para melhor atuar nos momentos de crises, que sempre vão ocorrer, seja em momentos de seca ou de enchentes é importante. Normalmente, quando se faz um projeto de engenharia de abastecimento de água, de uma enchente ou do projeto de uma hidrelétrica, sempre se admite um determinado risco de ocorrência de adventos extremos. Só que em geral, não se faz um plano de emergência”, salienta.
Carlos Eduardo Tucci lembra que não existem mecanismos para aumentar a produção de água. No entendimento dele, o que precisa ser feito é o uso racional e programado. “A água tem um limite. Você tem um limite de disponibilidade, você não vai aumentar a disponibilidade. O que você tem é que fazer os usos incluídos, aí a preservação ambiental será sustentável para aquela disponibilidade que você existe. Não existe como criar a água. Água é o que nós temos em disponibilidade. Além do mais, você pode ter variedades climáticas que reduzam essa água ao longo do tempo. Então, disponibilidade hídrica não se aumenta. A única forma de se aumentar disponibilidade hídrica é regularizar água no tempo. E isso também tem um limite, porque a gente não tem como prever um futuro do clima”.
O professor de Recursos Hídricos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Jerson Kelman, disse que é necessário analisar os diversos meios de usos da água. “Não dá para admitir que um olhar no setor usuário dos rios tenha predominância sobre os outros. Esse setor predominante não pode ser o setor elétrico, mas também não pode ser o setor de meio ambiente. Também não pode ser o setor de irrigação. Essa orquestração é extremamente complexa, porque uma é componente técnica e uma é componente política”, afirma. Com referência à falta de água nos reservatórios das usinas para a geração de energia elétrica, o ex-diretor geral do Operador Nacional do Sistema (NOS), Luiz Barata, um dos caminhos é ter fontes renováveis de energia para não ficar no sufoco.
“A sociedade brasileira, a população vai enfrentar altas nos custos de energia enormes a partir do ano que vem, seja pela correção das tarifas, seja pelo pagamento dos empréstimos. A saída é reconhecer que o modelo que nós temos hoje no país, ele está exaurido. Cada vez que você tenta resolver este problema através da inclusão de térmicas no sistema, você aumenta o problema, seja do ponto de vista ambiental, seja do ponto de vista econômico, uma vez que umas fontes são mais caras que outras fontes”, finaliza.
Por Luis Ricardo Machado
Rede de Notícias Regional /Brasília
Foto Rio Uruguai SC