Mundo Ministro da Economia ameaça elevar a taxa de importação para conter a inflação
Na tentativa de controlar a inflação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo pode zerar a tarifa de importação de produtos de alguns setores onde estão ocorrendo reajustes abusivos de preços.
Na primeira semana de novembro, o governo anunciou a redução em 10% das tarifas de importação de 87% dos itens sujeitos ao imposto de importação. Ficam de fora os produtos negociados pelos países que integram o Mercosul. A medida valerá até 31 de dezembro de 2022.
Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luís Oreiro, o ministro Paulo Guedes erra ao adotar uma medida como esta. No entendimento do economista, a inflação está acontecendo com produtos essenciais para a vida do cidadão brasileiro. “Mais de 30% da inflação acumulada nos últimos 12 meses vem de produtos que não estão sujeitos a tarifa de importação, como é o caso da gasolina, da eletricidade, que foi reajustada por conta da tarifa vermelha especial, por conta da crise hídrica e dos preços dos combustíveis. Reduzir a tarifa de importação não vai ter nenhum efeito sobre a inflação e ainda vai contribuir para a destruição do que restou da indústria brasileira”.
Já o economista Felipe Ohana afirma que este comportamento do ministro da economia, no máximo funciona como uma ameaça aos empresários brasileiros. Ele argumenta que este tipo de ação não resolve a política econômica do país. “Na prática, não vai funcionar. O que o governo deveria fazer é estabelecer uma carga tributária na importação que fosse pré-anunciada e consistente com a nossa competitividade. Isso sim deveria ser feito. Agora, fazer esse tabelamento de inflação por meio de uma ameaça que vou baixar a alíquota, não funciona. Você baixa a alíquota de um produto agora, daqui há três meses começam as manifestações de importação. E o importador não vai fazer, porque não sabe se vai ser mantida essa tarifa”, enfatiza.
Na semana passada, o IBGE divulgou a inflação oficial do Brasil, que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 1,25% em outubro, a maior taxa para o mês nos últimos 19 anos. Nos últimos 12 meses a inflação acumula uma alta de 10,67%.
Por Luis Ricardo Machado
Rede de Notícias Regional /Brasília
Foto: Paulo Guedes
Crédito da foto: Vitor Campanato/Agência Brasil