Salto Veloso Artista plástico desenvolve projeto sobre as raízes multiculturais de Salto Veloso
O artista plástico José Edson Canônica, em parceria com a Associação de Artesãos e Artistas Visuais de Salto Veloso – Cultura Feita a Mãos, vem desenvolvendo o projeto “As Raízes Multiculturais de Salto Veloso”, que tem por objetivo resgatar e salvaguardar a memória coletiva material e imaterial relacionadas à formação município, desde a civilização pioneira indígena, passando pelos caboclos que fundaram o primeiro povoado e pelos migrantes e imigrantes europeus que se estabeleceram no município.
O artista retrata a memória por meio da técnica de pintura óleo sobre tela, no gênero histórico.
José Edson Canônica atua há mais de 40 anos como pintor, atualmente é professor de pintura em tela na Departamento de Cultura de Salto Veloso.
Ele diz que a inspiração para o projeto foi o livro da jornalista Alzira Scapin, com o título: “Que Somos. De Onde Viemos” e relatos orais que narram acontecimentos relacionados à formação do município de Salto Veloso.
O projeto conta com cinco pinturas, ainda em fase de acabamentos, que representam Os Xoklengs, Os caboclos do Contestado, Os Tropeiros, Os Imigrantes e a Vila Salto Veloso.
Os Xoklengs: a mata de pinheirais e a presença indígena no Oeste de SC, aspectos físicos e hábitos culturais, destacando a coleta de pinhas e sua conservação em buracos escavados nas margens dos rios. Destaque para os povos “Xoklengs” e “Kaingangs”.
Os caboclos do Contestado: representando a vila cabocla formada pelo caboclo Antônio Veloso e outras famílias no início do século XX em terras “contestadas” pelo Paraná e Santa Catarina. O modo de vida, cultivo de alimentos e criação de animais, tendo como destaque a cultura do benzimento.
Os Tropeiros: a passagem das tropas de bois, porcos e mulas carregadas com mantimentos. Destaque à recepção aos tropeiros na bodega do caboclo Francisco Anastácio.
Os Imigrantes: a chegada de imigrantes italianos em terras das Companhias colonizadoras. Destaque para a chegada através de trilhas transportando seus poucos pertences no lombo de mulas e a interação destes com os caboclos.
Vila Salto Veloso: a vida em comunidade e a religiosidade dos caboclos e imigrantes na pequena vila nos anos 50.
Durante o processo de pesquisa, o artista realizou entrevistas que auxiliaram na criação de cada tela, os entrevistados foram: Nilson Cesar Fraga, professor da Universidade Estadual de Londrina, Antônio Godinho, neto de tropeiro e morador de Salto Veloso há 76 anos, Alzira Scapin, jornalista e escritora, que tem diversos relatos sobre a história local e Jair Pasin, que vive no município há 74 anos, contador de histórias e conhecedor de grande parte das pessoas e assuntos relacionados ao desenvolvimento local. Para as filmagens, edições e postagens nas redes sociais foram contratados os serviços do designer local Luciano Ribeiro.
O projeto também prevê, como contrapartida social, a abertura do atelier para comunidade para conhecer o projeto, o processo criativo e o acervo do artista.
A estimativa de conclusão do projeto é para setembro, quando as telas serão doadas ao poder público de Salto Veloso. De acordo com o artista José Edson Canonica, a continuidade se dará a partir das reflexões e debates que as obras irão provocar, seja pela comunidade em geral ou em atividades acadêmicas.
Conforme o Diretora de Cultura Célia de Bortoli, acredita que o interesse pela técnica pode aumentar a demanda de alunos nas aulas de Pintura em Tela oferecidas pelo Departamento de Cultura, na Casa da Cultura Abel Abati no programa Oficinas Permanentes de Artes.
O projeto, As Raízes Multiculturais de Salto Veloso foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2021 e executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense da Cultura.