O governo brasileiro poderá investir R$ 16 milhões para financiar pesquisas de ponta do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Ouça Reportagem: Artur Filho

O crédito foi aprovado na Comissão Mista de Orçamento da Câmara dos Deputados. Dez milhões de reais deverão ser destinados para a manutenção de contratos com organizações sociais, como centros de pesquisas. O restante será encaminhado para diversos projetos de complexa infraestrutura científica e biossegurança, e pesquisas de saúde.

Para a professora do Instituto de Ciências e Biomédicas da USP, Carla Carvalho, é preciso entender que quando se trata de pesquisa, o resultado não é de imediato, portanto, o setor não pode sofrer pressão. “A gente precisa compreender que é um investimento a longo prazo e que não dá pra ter retorno imediato. É muito diferente de uma loja. É muito diferente de uma empresa. É muito diferente de um lucro imediato.

Formação de pessoas e de conhecimento exige paciência e exige um certo cuidado sobre a pressão que se faz sobre os indivíduos, tanto aqueles que são os alunos, os estudantes, quanto aqueles que vão auxiliar os estudantes a crescerem. Senão, você entra num jogo só pra ver resultado. E o resultado, de fato, ele nunca é imediato”, ressalta. Carla Carvalho destaca a relevância de se destinar verbas para a pesquisa. Mas ela diz que o montante deveria ser mais expressivo. “Se por um lado é muito bom saber que está sendo direcionado dinheiro para ciência e tecnologia, esse montante apresentado, olhando os relatórios que estão dispostos lá na página específica do fundo, ele parece muito aquém do que já foi dado, desde 2016 até agora. Eu arrisco dizer que apesar de ser um valor individualmente enorme, para esse tipo de atividade, na verdade é muito pouco. Um resumo que eles sempre fazem nos relatórios é distribuir o percentual dos montantes para as coisas”, pondera.

O doutor em tecnologia da informação, Paulo Rogério Foina, afirmou que estes recursos são bem-vindos. Ele faz um alerta ao dizer que o país está ficando para trás, por falta de investimentos nas áreas de pesquisas. “As verbas para ciências e tecnologia são fundamentais para desenvolver o conhecimento científico e tecnológico, e nos colocar em posições minimamente confortáveis, frente a disputa de comércio mundial. Veja que no começo da pandemia tivemos que importar. Passamos problemas, inclusive tivemos falta de máscaras de papel, uma coisa ridícula. Porque? Porque nós paramos de investir em tecnologia. Nossas empresas ficaram obsoletas de baixa produtividade por falta de investimento na área de tecnologia e, com isso, ficou mais barato comprar da China do que fazer no Brasil”.Foina diz que o Brasil não pode ficar para trás dos outros países, por isto é importante investir e esperar os resultados. “Nós paramos de investir em tecnologia que permite aumentar a produtividade das nossas empresas e em ciência, que é a base da inovação e da tecnologia. Com isso, fragilizamos a nossa segurança estratégica frente aos desafios do mundo moderno. Então, a aprovação atual do projeto de lei que libera os recursos parte dos recursos para o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, para pesquisa é fundamental. Pesquisa séria, pesquisas importantes são de longo prazo e precisam de segurança financeira para que elas consigam executar trabalho que demoram 3 ou 4 anos”, explica. Dos R$ 16 milhões, 765 mil reais serão destinados ao Ministério da Justiça, que vai para indenização de representação no exterior e auxílio familiar na Missão Logística do Ministério da Justiça nos Estados Unidos.

Por Luis Ricardo Machado

Rede de Notícias Regional /Brasília

Crédito da foto: Tecpar/Agência de Notícias do Paraná